Um Paradigma Eco - Ético e Social

16-01-2016 23:39
Um Paradigma Eco- Ético e Social
 
Um novo Modelo, um outro Pensamento e paradigma diferente, perante uma nova civilização que  combatendo a civilização industrial, na denominada terceira vaga de Tofler (de referir que resiste a civilização industrial ainda), no entanto, esta terceira vaga ainda não determinou o campo, e nós apontamos, como alternativa á destruição dos laços, das relações, das economias, das culturas, a reformulação pela preservação do essencial da organização ecológico-social, transformando no entanto o caráter destrutivo que a competição económica e financeira nos lega como molde desta vaga, numa caraterística cooperativa, partilhada, suficiente, de base económica-social, ou de economia social em escala alargada, controlando a erosão dos nichos ecológicos, e a ditadura da tecnologia.
A partir deste ponto, chegamos à situação mundo atual, que Lazlo  (….) define exatamente como de Bifurcação (ponto de escolha entre caminhos), de bifurcação económica e social. Porque  a origem da bifurcação é a escolha.
Escolha entre dois caminhos:
Alterações Climáticas/Do ecosistema bio planetário/ Fim das Espécies – Grupo Humano em risco
Transformações, em consequência: Na dinâmica Populacional/Eco-Social/ Tecnologização do Mundo
- Crise demográfica
- Crise ecológica
- Estado de Carência Recursos (Organização Social)
- Disparidades Económicas
- Crise Social, Cultural e de Valores de Civilização
- Os quatro mundos ( Desigualdade Globalizada)
 
Ou se agrupa, reorganiza, transforma os valores, difunde a cultura e a civilização/ou o caos, a desigualdade de uma nova esclavatura/ os Estufianos e os Habitantes do mundo Tecnologizado contaminado, tudo se tornará num processo gradual de barbárie e fim da civilização.
Esse é o momento em que se situa, esta bifurcação. Qual dos caminhos, será o ideal para evitar o Caos e potenciar o fim do Grupo Humano?
 
- Agonia Planetária
Ao longo do século XX desenvolveram-se os problemas fundamentais que se tornaram eco-ética crises de dimensão mundial em função do processo de globalização ou de compressão. Na economia, na demografia, desenvolvimento/versus/ecologia, nos recursos energéticos tudo está em crise, ou coloca a humanidade em crise.
- A desregulação económica mundial
O mercado mundial pode ser considerado como um sistema auto-eco-organizador (Morin, 1993). Ou seja, produz as sua própria organizações e interage com outros sistemas. O problema é que o mercado, como saber económico, se fechou na sua própria bolha, ignorando as demais dimensões antropológicas, sociais, psicológicas e políticas, pelo contrário pela força atratora impõe-se ás outras dimensões, desregulando as mesmas.
Numa dialógica mundial a economia mundialização, por entre forças de integração e desintegração, culturais, psiquicas, sociais, políticas, derivadas do próprio sistema neo liberal, ou seja desde 1973, da crise petrolifera que prenunciou este nova era mundializada, de economias interdependentes, aonde o poder das nações transita para os grandes centros financeiros, criando, simultâneamente igualdades e desigualdades,  mas sobretudo as desigualdades de larga escala mundial entre países e zonas do globo, cavando um fosso enorme entre 10% da população mundial e os outros 90%. Sem regulação é uma espécie de “cavalo doido” que destrói vidas à toa, culturas, economias nacionais e o próprio Estado Social...
Na verdade o crescimento económico, melhor dos mercados financeiros mundiais, provoca novos desregulamentos financeiros pela aumento da imprevisibilidade e do caos, pelo aumento da ganância e do lucro. Criando um processo multiforme de degradação da psicoesfera (das nossas vidas mentais e afetivas e morais), em simultâneo com a biosesfera. O perigo  de uma Economia desregulada que só pode responder uma regulação Eco-Social.
Nas palavras de Edgar Morin (1993), “pôs em marcha uma competição infernal e insensata internacional que visa a procura a todo o custo de excedentes de produtividade, que em vez de repartidos  entre consumidores, trabalhadores e investidores, são consagrados à compressão dos custos para novos excedentes de produtividade, desregulando os ritmos humanos e os equilíbrios civiliacionais.
- A Desregulação Demográfica Mundial
A desregulação demográfica é um dos fatores mais importantes, neste processo civilizacional agonizante.
O crescimento populacional foi de tal ordem – em 1800 a humanidade situava-se nos mil milhões de seres humanos, hoje andará pelos 7 mil milhões, em apenas 200 anos cresceu milhões de vezes mais que toda a história humana neste planeta.
 
As possibilidades de subsistência da humanidade face aos recursos e exigências tecnológicas começam a escassear, com a previsão de fomes generalizadas, falta de recursos potáveis, migrações em massa, convulsões sociais e políticas em consequência.
Esta situação mais grave é quando a subida demográfica se verifica nos países em desenvolvimento, ou pouco desenvolvidos e portanto “obrigados” a empurrar o mundo para a combustão fóssil, que destrói a nossa bioesfera...
 
- A Crise Ecológica
A Crise Ecológica interliga-se com o paradigma de desenvolvimento humano, que desde o século XIX, através da implantação da sociedade industrial e do capitalismo acumulativo, gerou uma ideia de desenvolvimento infinito, num contexto planetário de recursos finitos.
Como vimos já, desde o século XIX que a sociedade industrial está organizada de acordo com o modelo mecano-produtivista positivistia: progresso científico=progresso técnico= desenvolvimento económico= progresso socio cultural.
A destruição da bioesfera, traduz o aspeto meta nacional da destruição do ambiente, planetário do perigo ecológico. A primeira denúncia ou alerta surge em 1969 com o relatóro Meadows, pelo clube de  Roma em 1972.  A partir daqui as denúncias e profecias apocaliptícas sucedem-se face á evidências dos resultados de um desenvolvimento baseado apenas na Tecnologia e o grau de destruição quer das espécies, quer dos recursos, quer dos equilibrios ecológicos, quer da bioesfera.
As catástofres ecológicas que seguem são determinantes para o cimentar da ideia do caminho para o desastre: Seveso, Bhopal, Three Miles Island, Chenobyl, seca do Mar Aral, poluição do Lago Baical, cidades no limite da asfixia (México, Atenas). Percebe-se que a ameaça ecológica ultrapassa fronteiras: p.e. a poluição do Reno diz respeito à Suiça, à Alemanha, Holanda, França, Mar do Norte. Chernobyl invadiu e ultrapassou o continente europeu, etc...
Contaminação das águas, envenamento dos solos, chuvas ácidas, depósitos de resíduos perigosos, desflorestação, urbanização maçica das zonas costeiras, as emissões de CO2, intensificando de estufa e dimuindo a camada de ozono, aumentando o buraco de ozono na antartida, enfim um mundo em completo perigo pela via de uma descontrolada tecnologização e em nome de um tipo de desenvolvimento, de uma via só.
 
 
 
 
 
- Crise do Desenvolvimento
A  questão do desenvolvimento, e da crise do modelo que tem vigorado, pela policrise que criou,  é fulcral na mudança que pretendemos operar na existência do ser humano atual, com o paradigma Eco-Social.
Esta noção unidimensional de desenvolvimento está associada à aquisição, ao ter, à matéria, ao desenvolvimento da tecnologia, destruindo séculos de cultura humanística e tradição, de crenças e tudo aquilo que  construiu a anima humana e as relações, por uma conceção utilitarista da vida e das relações humanas e sociais. Uma visão não humana e hiper racionalizada da vida e das sociedades.
 A Crise da Ideia de desenvolvimento existe porque ao invés de a visão unívoca do desenvolvimento conseguir unir a humanidade e colocar os seres humanos em situação de grande felicidade e sustentabilidade para o futuro, aliando a ciência à tradição.
Mas nada disto aconteceu, a Modernidade separou tudo, cultura e humanidade, Tecnologia e história, filosofia e ciência, progresso e espiritualidade, ação instrumental e ética.
Desuniu os seres e colou-os, desamparados sem cimento ideológico/cultural, mas mãos de um pensamento obsessivo aquisitivo e vazio.Porque os dois grandes modelos em que assentou o desenvolvimento partiram de dois paradigmas económicos – capitalismo e sociaslismo – diferentes – um assente no mercado (capitalismo), outro assente no Estado (socialismo)  como os grande motores do desenvolvimento social, cultural, humano. Partiram de uma premissa da variedade que o ser humano é composta, o desenvolvimento económico, portanto unidimensional, capaz de mobilizar um desenvolvimento total. Afirmando-se no entanto totais, como pretendia a Modernidade, acabaram por se tornar, ainda que demodo diverso totalitárias e portanto colocando definitivamente em causa o desenvolvimento global pretendido.
De um lado o Mito do Mercado e o outro o Mito do Estado,ambos como solução para os problemas que a Revolução Francesa e Industrial vieram mostrar ao mundo, como a imensa desigualdade, a injustiça, a pobreza como causa divina e não social e económica,  a doença grassando também aos designios divinos. Contrapondo a tudo isto uma nova fé na Ciência nascente e seus derivados as técnicas  e tecnologias. 
A visão Económicista, quinquenal do Socialismo, ou tecnologica/consumista, são ambos bárbaros na sua aplicação, porque tendo por ideal primeiro a superioridade do pensamento positivo e da Ciência sobre os demais conhecimentos, eliminando-os de modo bárbaro, erradicando-os lenta mas gradualmente das universidades. No caso do capitalismo, ou dos países capitalistas, a espiritualidade e o conhecimento folclórico e a filosofia, ainda impante nos anos 60 do século XX, mas acabou derrotada totalmente pelas tecnologias. No caso do Comunismo, a espiritualidade e o conhecimento tradicional foram transformados em meros mitos explicáveis à luz da razão e do ideário Comunista que, como Niecthe expulsou Deus do universo Humano. A submissão da humanidade a uma razão mutilada e a um pensamento cego - que tinham por base um grande ideal de fraternidade e de abolir a exploração do homem pelo homem paradoxalmente - conduziu o Comunismo á sua auto destruição por não ter capacidade de regeneração, não abrindo espaços à respiração do pensamento; ao estado agónico da outra forma de socialismo, a social democracia, porque dependente do capitalismo financeiro e da capacidade da economia de manter unidos entre si os objetivos de redistribuição (através da valorização do trabalho e do Estado Social de suporte na doença e no desemprego), acabando engolida, após o fim do comunismo pela Neo liberalismo que deixa para tráz o ideário fraterno, mas continua com a destruição das sociedades e da natureza.
A grande lição é que tudo o que é económico e tecnologico é mais bárbaro que civilizador e portanto deve estar integrado numa política do Homem e do Planeta, de uma política de Civilização.
O Desenvolvimento terá de outra forma: o desabrochar das autonomias individuais e, ao mesmo tempo, o aumento das participações comunitárias, desde as participações proxémicas às participações planetárias. Mais liberdade e mais comunidade. Mais ego menos egoísmo (Morin, 1993).
Ao contrário do Desenvolvimento total, nos países ditos desenvolvidos nos planos económico/tecnológicos, o subdesenvolvimento é a característica principal porque ela está no centro do ser, situa-se no plano moral, psíquico e intelectual. Penúria afetiva e psíquica, miséria mental alimentada pelos vorazes financeiros, proliferando com as ideias ocas e visões sem perspetiva global. O aumento das qualificações, meramente tecnicas e especializadas, aumenta em proporção o subdesenvolvimento relacional, ético, do próprio sentido do ser e do amor. E tudo isto acompanhado pela destruição bárbara do eco-sistema, a que não se corresponde uma emergência fraterna e de desenvolvimento de uma consciência “simpática”.
Enquanto este subdesenvolvimento psiquico - espiritual durar, as nações que pretendem se desenvolver do mesmo modo que os desenvolvidos cometem os mesmos ou piores erros, pois efetuam dum desenvolvimento desordenado, sem metas ideológicas, baseado na exploração e degradação social e ambiental. Em todo o mundo cresce, por inverosimel na Era Planetária, um número crescente de exércitos privados, de retorno dos fanatismos nacionais e religiosos, sem um centro ou uma organização humanista capaz de impor o ideal de Civilização versus Barbárie.  A miséria material dos desenvolvidos contribui para a miséria económica dos subdesenvolvidos e tudo isto contribui para a corrupção geral, o avanço do crime global, os políticos das democracias autênticos reféns desta nova ordem , dos novos senhores do mundo, que mandando no capital, brincam com a desordem mundial.
 
 
 
 
 
 
- A Balcanização do Planeta
 
 
Ora a desordem mundial gera uma “balcanização do planeta”, mergulhado em guerras dispersas entre nações, ou novas guerras da Religião, genocídios em série, guerras civis, movimentos desordenados e ou desorganizados, guerras “frias” pelo domínio dos recursos energéticos e todos os outros.
Não existe um centro em concreto. Mas os grandes Estados-nação estão confrontados com problemas que os ultrapassam. Problemas de dimensão planetária como da Economia, do Desenvolvimento, da Civilização Tecno – Industrial, da Degradação Ambiental, da Escassez de Recursos, do Tráfico de Seres Humanos e da Nova Escravidão, deixam impotentes os governos e os Estados, gerando reações em cadeia de novos nacionalismos e fascismos, uma recolha sobre si mesmo traz novos perigos de guerras e antagonismos. E os antagonismos entre as nações reativam o antagonismo das religiões, principalmente nas “velhas” zonas nucleares do mundo, como a Índia e o Paquistão, ou no Médio Oriente. O antagonismo entre modernidade e tradição, agrava o antagonismo entre modernidade/fundamentalismo, alimenta dois fundamentais : o antagonismo Norte /Sul e Ocidente/Oriente no Planeta (Morin, 1993)
Estes antagonismos, constituem-se verdadeiras zonas sísmicas mundiais, zonas mescladas etnicamente/culturalmente e ao nível religioso, como a que vai da Arménia/Azerbeijão até ao Sudão, com fronteiras arbitrárias, pseudo Estados, exasperações de toda a espécie.
Deste modo, e enquanto durante o século XX a globalização económico/tecnológica criava uma civilização global, a Tecnopolia, também retalhava pela força do Novo sobre o tradicional, um tecido planetário único em Nações e Regiões, conduzindo a duas guerras mundiais, à guerra fria, e no século XXI a uma espécie de guerra planetária generalizada, mas não assumida, pelos senhores da Tecnopolia. Uma Era Bárbara se instala e balcaniza o mundo, confrontado com a Hiper Escolha: Civilizar ou Morrer.
 
 
 
 
 
 
O Modelo da Escolha Eco – Ética e Social
Perante esta escolha, expostos, temos de conceber um novo modelo de relações sociais, baseado num paradigma Eco- Ético e Social. Um modelo que deve basear-se na reconstrução dos laços sociais, com a natureza e de economia suficiente.  Como diz Ruffié (1988), daqui para a frente temos de nos guiar não pelos interesses de dinheiro, mas sim pelos interesses do homem. 
Os governos são tentados apenas a gerir as Crises, mas sem êxito apenas as prolongam porque têm de fazer escolhas de fundo e de alteração do padrão de organização, e sózinhos sentem-se impotentes face à avalanche de poderes mais fortes globalizados.
Uma das escolhas essenciais é conseguir que novas formas de cooperação Eco-Socio-Económicas, baseadas na cooperação, ou seja conseguir níveis de organização transnacionais, reunindo Estados/Sociedades,  unidos por fatores geográficos/culturais/económicos e ou outros, mas que permitam sobretudo, evitar a urgência da disputa, pela emergência de uma Economia Transnacional, Cooperativa e Suficiente. Novas organizações que partilham, e criam redes internas de comunicação rápida, gestão da energia, água, recursos alimentares. Urge a criação pois de um paradigma de estrutura orgânica organizativa que supere a noção de identidade nacional, por uma base de identidade supra nacional ( por exemplo Europa; ou a Lusofonia em países de língua portuguesa).  Um país, mesmo poderoso, depressa deparará com o malogro total se quiser mudar a forma como funciona a “máquina mundo sócio-económica e política”, devido ao poder dentro da máquina mundo que “a cultura agressiva do lucro e da ação meramente instrumental/individual”, possui colocando os “rebeldes” no plano da exclusão, sejam indivíduos e ou nações.
Sendo de base cooperativa terá de ser democrática avançada. Deve basear-se também na reorganização do mundo, em torno da edificação de uma civilização do homem, cultura-política e espiritualidade comuns, uma resposta de união perante o drama da descivilização.
Porque os problemas fundamentais são planetários, conforme Lazlo (1994) nos transmite, a resposta aos mesmos tem de ser articulada planetariamente, numa vasta rede de organizações supra nacionais.A disseminação das tecnologias modernas perturba, completamente, o equilíbrio demográfico das sociedades tradicionais (Lazlo, 1994). O aumento da esperança de vida, provocou na zona Asiática do Globo, assim como em África, um aumento demográfico tão significativo (India e China 2 biliões de habitantes!!), que os recursos de géneros essenciais escasseiem, e dificultem  a capacidade de o próprio Planeta continuar a ser capaz de alimentar esta imensa “espécie”, O Humano. Os problemas dos recursos alimentares é uma das questões que a Bifurcação de caráter económico e social no Planeta Global, coloca, com o dramatismo tão intenso, quando associada a outras como, por exemplo o da energia.
O novo modelo de sociedade deve refazer o tecido social a partir das múltiplas potencialidades do ser humano e da própria sociedade. Trabalho e lazer, produtividade e a dimensão lúdica (o lado do sonho e da imaginação, da emoção e do símbolo). Uma tarefa essencial reconstruir ou refazer a aliança destruída entre o ser humano e a natureza, assim como uma Unidade (na diversidade) entre as pessoas e os povos, para a construção da solução das Crises Múltiplas, a Híper fratenidade Eco Social, dos Povos, participando todas as tradições culturais que valorizam o Ser e o Cidadão, e os valores do Respeito e da Dignidade, da Ética fundamental. Unir as Religões da paz, por uma ética da Compaixão Universal.